O projeto levará às instituições de ensino o “Teatro nas Escolas”, uma ação que visa capacitar cerca de 100 professores para utilizarem os elementos das artes cênicas em suas disciplinas
O Teatro em Movimento, que está em sua 21ª edição, realiza o “Teatro nas Escolas”, de agosto a novembro deste ano, beneficiando, de forma gratuita, cerca de 100 professores e seus alunos, de escolas públicas de Araxá e de Belo Horizonte, do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, entre 11 e 17 anos, além de estudantes da EJA (Educação de Jovens e Adultos) na capital. O projeto tem o objetivo de levar os múltiplos gêneros e técnicas teatrais para o debate em sala de aula, de forma a democratizar a dramaturgia e tornar os estudantes protagonistas na produção de conteúdo digital em suas comunidades. Visa também mostrar a multidisciplinaridade da Arte como possibilidade em ser trabalhada nas escolas, em consonância com outras disciplinas, como Língua Portuguesa, Ciências Naturais, História e Sociologia.
Esta edição do Teatro em Movimento é apresentada pelo Instituto UnimedBH e pelo Instituto Cultural Vale, tem o patrocínio do Itaú e da Cemig e conta com o apoio da CBMM, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério do Turismo. Em Araxá, o “Teatro nas Escolas” conta com o apoio das Secretarias Municipais de Educação e de Cultura de Araxá e, na capital mineira, da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte.
Segundo Álvaro Rezende, da área de Relacionamento com a Comunidade da CBMM, apoiar ações e projetos voltados às crianças e adolescentes é fundamental para a transformação da sociedade. “Nosso objetivo é contribuir com a formação de uma geração preparada para a construção de uma sociedade capaz de ampliar, cada vez mais, seu protagonismo e autonomia. É neste sentido que apoiamos iniciativas que estejam ligadas à formação das nossas crianças”.
O “Teatro nas Escolas” tem coordenação geral de Tatyana Rubim, idealizadora e coordenadora do Teatro em Movimento; supervisão pedagógica da doutora da UFMG, Mariana Lima Muniz; e coordenação pedagógica de Ana Regis. As atividades terão início no mês de agosto, com a realização de capacitações presenciais dos professores em cada cidade, conduzidas pelos facilitadores e técnicos do projeto, tendo como base duas obras teatrais, selecionadas de acordo com a faixa etária dos alunos. Em agosto e setembro vai ter início o trabalho dos professores junto aos alunos em suas aulas. E, em novembro, acontece a etapa final com a “Mostra Competitiva de Conteúdo Digital nas Escolas”, com a participação dos alunos, que vão criar suas próprias obras digitais, a partir do aprendizado no projeto.
“O “Teatro nas Escolas” é um projeto presencial que usa das tecnologias e do teatro digital para alcançar os seus objetivos. Para que esses estudantes possam produzir os conteúdos digitais, os professores serão os multiplicadores dessa ação. Eles serão capacitados pela equipe técnica do projeto, por criadores de montagem e especialistas em artes cênicas, de forma presencial, com apoio de material on-line produzido em vídeo. E após assistirem a um dos espetáculos criados para o ambiente digital, eles são convidados a levar esse conhecimento para dentro da sala de aula. Tendo essa referência, os estudantes, então, terão a oportunidade de criar um conteúdo digital, que será apresentado em uma mostra e exibido nas redes sociais. Os melhores vídeos serão premiados através de votação pública”, explica Tatyana Rubim.
Teatro nas Escolas
A partir da apreciação das obras de Teatro Digital, “Alice Através das Sombras”, da Cia Lumiato, a ser exibida para os educadores e estudantes do 6º, 7º e 8º anos; e “Chão de Pequenos”, da Cia Negra de Teatro, para professores do 9º ano e Ensino Médio, em Araxá, e do 9º ano e EJA, em Belo Horizonte; os professores serão capacitados, gratuitamente e de forma presencial, por facilitadores para trabalharem, partindo da mediação teatral, junto aos estudantes, a abordagem de conteúdos de Artes e outras áreas do conhecimento – podendo ser Língua Portuguesa, Ciências Naturais, História e Sociologia.
Os professores participarão de treinamento presencial, teórico e prático, para desenvolver o projeto em sua escola, numa análise interdisciplinar da obra, sendo multiplicadores desta metodologia. Após a ação dos professores junto aos seus alunos, a equipe do projeto “Teatro nas Escolas” também vai oferecer aos estudantes, por meio remoto, uma “Oficina de Conteúdo Digital”, abordando a otimização de recursos audiovisuais para uso em redes sociais, para realização de atividade artística.
De acordo com Zulma Moreira, secretária municipal de Educação de Araxá, “este é um projeto que pode trazer inovações e alegrias no dia a dia da escola. Possibilita a abordagem interdisciplinar de obras literárias e os professores da Educação Básica, fazendo uso de técnicas e estratégias do teatro, desenvolvem habilidades importantes para a vida de seus alunos. Atividades lúdicas, pedagógicas e de formação pessoal. Realmente, um grande instrumento para apoiar o trabalho desenvolvido em nossas escolas”.
Para Ana Regis, coordenadora pedagógica do “Teatro nas Escolas”, o maior legado que o Teatro Digital pode deixar é a acessibilidade. “Com o “Teatro nas Escolas”, estamos levando o teatro de qualidade artística reconhecida para um número grande de crianças, além da mediação de duas obras teatrais, mostrando que a disciplina de artes é importante, que é possível aprender outras coisas além das artes, através das artes”, acredita.
Obras de Teatro Digital
A curadoria trouxe dois espetáculos teatrais criados para o ambiente digital, com classificação etária de acordo com o público. Dessa forma, os alunos poderão ampliar seu repertório de referências e, consequentemente, sua capacidade de reflexão e interpretação de mundo. O objetivo é que professores e, consequentemente, os estudantes, possam compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações. Além de experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte. O objetivo destas atividades também é instrumentalizar os alunos para criar conteúdo digital, de preferência com dramaturgia, que terão como suporte o incremento da experiência dos estudantes no uso de suas redes sociais. “As obras foram selecionadas por uma curadoria minuciosa, sem deixar de privilegiar o interesse deles, mostrando também que o teatro e as artes são disciplinas multidisciplinares, que podem permear diversos conteúdos escolares”, destaca Ana Regis.
As duas obras que serão apresentadas aos alunos não se tratam de peças filmadas, mas obras teatrais criadas para o universo digital. Estudantes e professores do 6º, 7º e 8º anos, poderão apreciar a obra “Alice Através das Sombras”, da Cia Lumiato, com roteiro e direção de Thiago Bresani e Soledad Garcia. Trata-se de uma livre adaptação da obra de Lewis Carrol, “As aventuras de Alice no país das maravilhas”. Esta versão criada com a linguagem do teatro de sombras contemporâneo, apresenta a partir de uma perspectiva audiovisual uma nova proposta deste clássico literário. Em cena estão os irmãos Nina Bresani, sendo a protagonista da história e Luca Bresani, filhos de Thiago e Soledad.
Já os alunos e professores do 9º ano e Ensino Médio, em Araxá, e do 9º ano e EJA, em BH, irão assistir à obra “Chão de Pequenos”, da Cia Negra de Teatro, com direção de Tiago Gambogi e Zé Walter Albinati. No elenco estão Felipe Soares e Ramon Brant. O roteiro é de Ana Maria Gonçalves, Felipe Soares e Ramon Brant. No enredo, um queria ser piloto de corrida. O outro gostava de ouvir a quietude. Vieram da terra onde, afirmam alguns, as crianças já nascem mortas ou envelhecem ainda meninos. Da rua. Texto, movimento, paisagens sonoras numa fábula que se pergunta sobre amizade, adoção, abandono. E os des-abandonos.
Método
Além das aulas presenciais, os professores vão receber, como material de apoio, vídeos curtos com conteúdos teóricos trabalhados de acordo com a faixa etária atendida. Os educadores também receberão ajuda de custo que possa contribuir, minimamente, com seu deslocamento para as aulas teóricas e práticas. Serão produzidas pela equipe do projeto pílulas audiovisuais, de 1 a 2 minutos cada, referentes a cada uma das duas obras teatrais estudadas, destacando características, curiosidades e/ou aprofundando os conteúdos relacionados às áreas trabalhadas. Esse material será divulgado nas redes sociais do Teatro em Movimento e também será disponibilizado aos estudantes e professores via Whatsapp.
Mostra Competitiva de Conteúdo Digital nas Escolas
Após a aplicação dos conteúdos, os alunos serão motivados e incitados, por meio de ações de mobilização nas escolas, a participarem de uma “Mostra Competitiva de Conteúdo Digital nas Escolas”. Via redes sociais, preferencialmente o WhatsApp, os alunos irão receber vídeos de dois minutos, no máximo, contendo dicas de tecnologia e formas para se produzir trabalhos digitais muito mais “descolados”, seja no conteúdo ou na forma. Em grupos ou duplas, os alunos produzirão conteúdos digitais audiovisuais (textos, áudios, vídeos, dentre outros), autorizados pelos pais e/ou responsáveis, e os enviarão à página do projeto www.teatroemmovimento.com.br. Após uma triagem, os conteúdos digitais serão publicados e aqueles que receberem o maior número de curtidas, por votação popular, em Araxá e Belo Horizonte, receberão prêmios, além de menções honrosas entregues aos destaques. As escolas, em cada um dos dois municípios, que tiverem seus alunos premiados em primeiro lugar, ou que forem as campeãs de inscrições, também serão agraciadas com premiações.
Serviço:
Teatro em Movimento realiza “Teatro Nas Escolas” – de agosto a novembro de 2022
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