Do lugar onde primeiro se avista o Sol observa-se as belas paisagens do Cerrado e a exuberante riqueza natural. Os detalhes encantaram quem por ali passava e tornaram Araxá um lugar único. Das suas propriedades rurais de criação de gado de corte e leiteiro, formou-se um povoado que fez surgir um dos primeiros ofícios regionais: a arte de tear.
Nesse contexto histórico, quase todas as fazendas da época produziam peças únicas, uma união de cores e formas que criavam tecidos vestimentas, colchas, tapetes e toalhas típicos da região.
Com o intuito de mostrar e reviver essa história que representa a cultura local, foi criado o Setor de Artesanato e Cursos Livres da Fundação Cultural Calmon Barreto (FCCB), que resgata a genuína arte da tecelagem, técnica datada da época do povoamento da região. O projeto Tramas do Tempo – Tecendo Histórias apresenta peças desenvolvidas pelas tecelãs do Ateliê de Tecelagem e mantem viva a memória histórica da cidade.
Minas Gerais foi a região brasileira que mais absorveu a arte de tecer manualmente e desenvolveu características próprias. A técnica usada pelas tecelãs araxaenses é chamada de “repasso mineiro”. Por meio dela, as artesãs criam em seus tecidos desenhos típicos que são formados a partir do entrelaçamento de fios e das pisadas no tear.
O desenho do repasso é extremamente rico não só em termos culturais, mas também em termos tecnológicos, com peças autênticas que revisita a cultura antiga e decora o ambiente.
O “código do repasso” é exposto em pequenos pedaços de papel junto ao tear. A escrita é semelhante a uma pauta musical feita em quatro linhas horizontais e os traços na vertical representam como os fios devem ser passados nos quadros. Essas linhas verticais e horizontais mostram também a indicação na pedalada do tear e suas combinações.
No Ateliê de Tecelagem são confeccionadas peças como colchas, tolhas de mesa, forro americano, tapetes e outros produtos de casa. “Por meio dessa arte é possível reviver as lembranças do passado. Quem não se lembra, por exemplo, de uma colcha de retalho na casa dos avós? Ou do desenho de um tapete? É exatamente isso que buscamos, resgatar e preservar a tradição do tear, para manter viva a memória histórica da nossa cidade e região”, destaca, a coordenadora do Setor de Tecelagem, Adelina Rezende de Menezes.