Distúrbios da tireoide: saiba identificar quando o seu corpo dá sinais de que há algo errado

Endocrinologista da Unimed Araxá explica quais são os sintomas e tratamentos para os casos mais comuns

A tireoide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço. Ela é responsável por produzir os hormônios T3 e T4.  São eles que regulam funções básicas do nosso organismo como, por exemplo, os batimentos cardíacos, a capacidade de concentração do cérebro, os movimentos intestinais, a respiração celular e a regulação dos ciclos menstruais. Por isso é tão importante ficar atento e perceber os sinais que o corpo dá em função das disfunções hormonais ligadas à tireoide. “A disfunção hormonal mais comum da tireoide é o hipotireoidismo, um tipo de alteração onde ocorre a diminuição na liberação dos hormônios tireoidianos T3 e T4.  O outro tipo de disfunção tireoidiana comum é o hipertireoidismo que se trata de uma condição inversa ao primeiro”, ressalta a médica endocrinologista e metabologista da Unimed Araxá, Jacqueline Fonseca Rios.

Hipotiroidismo

A principal causa do hipotireoidismo é a Tireoidite Crônica de Hashimoto, um tipo de doença autoimune que é de quatro a cinco vezes mais comum em mulheres, mas que também atinge homens. “Nas pessoas com hipotireoidismo tudo passa a funcionar mais lentamente”, explica a médica.

Sintomas

Cansaço: 

Pode ocorrer desânimo, cansaço, memória ruim, sonolência, nervosismo, raciocínio lento e até sintomas depressivos. A sensação é a de que está faltando energia. É um cansaço físico e mental.

Na pele e anexos:

Manifestações como queda de cabelos, pele ressecada, intolerância ao frio e unhas quebradiças também são comuns. Estes são sintomas que demoram mais tempo para voltar ao normal com o tratamento.

Constipação intestinal:

O intestino pode prender pois a digestão e os movimentos peristálticos ficam mais lentos.

Outras manifestações incluem fluxo menstrual aumentado, inchaço, dores nas pernas e dores de cabeça. “Muitos relacionam a obesidade ao hipotireoidismo, mas o ganho de peso que pode ocorrer nestes casos geralmente é leve e corrigido com o tratamento. Nas crianças pode aparecer ainda diminuição da velocidade de crescimento”, diz.

Quando suspeitar do hipotiroidismo?

Muitos sintomas são inespecíficos e hoje é muito comum a dosagem do TSH (hormônio que regula a tireoide) fazer parte de checkups, mas é obrigatória a investigação desta doença nos seguintes casos:

– Ao nascimento: o hipotireoidismo congênito faz parte das doenças pesquisadas no teste do pezinho

– Crianças com atraso no desenvolvimento e crescimento

– Mulheres que planejam engravidar ou que já tiveram abortos espontâneos

– Durante o pré-natal (porque alterações da tireoide podem aumentar risco de abortamento, parto prematuro e interferir no desenvolvimento neurológico do feto)

– Em pessoas com depressão

– Idosos com apatia, perda de memória e raciocínio lento.

Como tratar?

O tratamento do hipotireoidismo é muito importante porque consegue reequilibrar o funcionamento do nosso corpo. “Precisamos lembrar que o hipotireoidismo não tratado pode levar a anemia, aumento do colesterol e risco cardiovascular e, em casos mais graves, até à insuficiência cardíaca e coma. É indicada a reposição do hormônio T4, a levotiroxina, em jejum, pelo menos meia-hora antes do café da manhã, com ajuste da dose de acordo com os exames. Não se deve tomar nenhum medicamento no mesmo horário e ele deve ser ingerido apenas com água”, explica Dra. Jacqueline.

Hipertireoidismo

O hipertireoidismo também pode ser causado por doenças autoimunes da tireoide, bócio, nódulos ou inflamação da tireoide. Os sintomas incluem principalmente insônia, nervosismo, agitação, emagrecimento, coração acelerado, tremores, queda de cabelos, pele úmida e quente. “Na Doença de Graves, doença autoimune que mais causa o hipertireoidismo, pode ocorrer também a exoftamia (olho exaltado para fora) e aumento difuso da tireoide. Esse quadro ocular da Doença de Graves se agrava muito em tabagistas, sendo altamente recomentado suspender o uso de cigarro nestas situações”, alerta.

Na Tireoidite de Hashimoto os pacientes podem iniciar com hipertireoidismo (por destruição de células da tireoide e liberação dos hormônios ali estocados) e evoluir para o hipotireoidismo (que é o quadro mais comum desta doença autoimune).

Condições em que é essencial a investigação de hipertiroidismo:

– Emagrecimento inexplicado

– Arritmia cardíaca (ritmo cardíaco irregular)

– Exoftalmia

Porque é necessário tratar?

O emagrecimento que ocorre no hipertirodismo é com perda de massa muscular juntamente com massa gordurosa. Ocorre também perda significativa de massa óssea, com risco para osteoporose e fratura. Além disso, há aumento de risco de arritmia cardíaca e distúrbios neurológicos. “Na maioria das vezes o tratamento do hipertireoidismo é clínico, em alguns casos pode ser indicado a radioiodoterapia ou cirurgia”, diz.

Outras doenças

Ainda segundo a médica, existem muitos outros tipos de doenças da tireoide. “Acho importante comentar sobre os nódulos (caroços) tireoidianos que geram uma grande preocupação na população. Enfatizo que nódulos na tireoide são comuns, acometendo até 50% das pessoas e a maioria é benigna. Por esse motivo não está indicado o uso de ultrassom de tireoide em exames de checkup. Devemos solicitar este exame somente em casos de nódulos palpáveis, ou na suspeita destes nódulos por casos de câncer de tireoide em familiares próximos. Caso contrário, será um exame desnecessário, gerando preocupações desnecessárias e até a realização de procedimentos invasivos com seus riscos inerentes. O exame que deve fazer parte de checkups é a dosagem do TSH, para rastreamento disfunções hormonais tireoidianas que são muito mais comuns, cujos tratamentos impactam significativamente na qualidade de vida das pessoas”, finaliza Dra. Jacqueline.

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